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Cultura ago 30, 2024

De olho no clima: O impacto das ondas de calor na indústria de viagens.

As altas temperaturas estão afetando diversos destinos turísticos ao redor do mundo, gerando preocupações e alterando significativamente os hábitos de viagem.

Foto: Juntos pela Água. São Paulo, Brasil.

As ondas de calor têm causado um impacto significativo nos padrões de viagem, especialmente durante a alta temporada de verão no hemisfério norte. Segundo a Comissão Europeia, cerca de 7,6% dos viajantes agora levam em consideração os eventos climáticos ao planejar suas viagens. Em resposta, muitos turistas já estão escolhendo destinos mais frescos e menos movimentados durante o verão, como a Noruega e Copenhague.

Euro summer acima da média

O verão europeu de 2024 trouxe temperaturas acima da média em várias cidades, com termômetros ultrapassando os 40 graus por vários dias consecutivos. Essa realidade impacta não apenas o turismo, mas também o meio ambiente e os moradores locais. Na Grécia, o calor extremo contribuiu para a morte de pelo menos seis turistas em junho, e levou ao fechamento de algumas atividades ao ar livre, incluindo a Acrópole, um dos marcos mais emblemáticos do país.

As autoridades espanholas acreditam que o aumento das temperaturas representa um “risco real” para o turismo no país. Em 2023, houve vários casos fatais de insolação entre turistas com mais de 50 anos que estavam fazendo caminhadas durante o verão. “Existe um risco evidente de que as regiões com maior fluxo turístico se tornem menos habitáveis devido ao aumento das ondas de calor e das noites muito mais quentes”, afirmou Héctor Tejero, chefe de saúde e mudanças climáticas do Ministério da Saúde da Espanha.

Foto: Gerard Julien/AFP. G1

A Comissão Europeia prevê uma migração da demanda turística do Mediterrâneo para o norte da Europa, com um número crescente de turistas já optando por destinos mais frescos e menos lotados durante o verão, como Noruega e Copenhague. Alguns países estão adotando políticas para redirecionar o turismo para regiões mais amenas nos meses quentes. A China, por exemplo, está construindo grandes resorts nas montanhas como parte do programa “Destinos de 22 Graus”.

Impactos nas viagens aéreas

As ondas de calor também podem complicar as viagens aéreas, forçando as aeronaves a reduzir o peso de transporte e a estabelecer padrões mínimos para as temperaturas nas cabines. Há relatos de comissários de bordo mencionando problemas de saúde e temperaturas extremamente elevadas dentro das cabines.

As altas temperaturas também estão impactando as decolagens em alguns aeroportos. A temperatura do ar é um fator crucial para a sustentação e a força gravitacional, pois, para que um avião decole, ele precisa gerar sustentação suficiente para superar a gravidade. Com o aumento do calor, esse processo se torna mais desafiador, exigindo a redução do peso máximo de decolagem para garantir a segurança do voo.

Foto: iStock

As mudanças climáticas também têm um impacto significativo no Brasil

De acordo com um estudo do Instituto de Pesquisa em Reputação e Imagem (Ipri), o turismo no Brasil também está sendo afetado pelas ondas de calor. Aproximadamente 27% dos entrevistados relataram ter cancelado atividades turísticas por lazer devido às intensas mudanças climáticas. Chuvas fortes, secas severas e variações bruscas de temperatura estão prejudicando o setor, levando alguns viajantes a reconsiderar suas visitas ao Brasil.

Mais da metade dos estados brasileiros estão enfrentando secas severas e queimadas em 2024, representando o pior período vivido por mais da metade do país nos últimos 40 anos. Diante do calor extremo, o governo federal publicou, em agosto, uma portaria que exige que grandes eventos, como shows, festivais e jogos de futebol, ofereçam água potável gratuita ao público até o final do ano.

Foto: Miguel Schincariol/AFP

Uma pesquisa realizada pela Booking revela que 56% dos turistas nacionais estão procurando climas mais amenos, o que reflete a necessidade de maior conscientização e adoção de práticas sustentáveis para garantir o futuro do turismo no Brasil.

E agora, como combater o aquecimento global?

Essas ocorrências são sinais claros da urgência em combater o aquecimento global. É necessário implementar esforços globais planejados e coordenados, reduzir as emissões de gases de efeito estufa e adaptar destinos mais quentes às mudanças climáticas para garantir sua viabilidade a longo prazo. Além disso, é fundamental investir em infraestrutura adequada e melhorar a resposta a emergências relacionadas ao clima.

No Brasil, empresários e economistas assinaram um “Pacto pela Natureza”, que destaca a necessidade de intensificar as medidas de proteção ambiental e defende a criação de mais agendas econômicas voltadas para discutir as mudanças climáticas.

Foto: AFP/Guillermo Legaria

A mudança na percepção e nos comportamentos dos viajantes reflete a necessidade de adaptação por parte dos profissionais, não apenas do setor de turismo, mas de todos os setores envolvidos. É essencial que trabalhem em conjunto com os governos locais, promovam a conscientização sobre o aquecimento global e colaborem com a iniciativa privada e os departamentos de meio ambiente.

Por Verônica Lira – Analista de Marketing na SMI

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