
Em um mundo cada vez mais frenético, uma pesquisa recente, conduzida por pesquisadores da Universidade de Harvard, trouxe à tona uma realidade que não podemos mais ignorar: nossa saúde mental. Os resultados, impressionantes e alarmantes, apontam que uma a cada duas pessoas em escala global enfrentará algum tipo de distúrbio mental ao longo de sua trajetória de vida. Haja terapia!
Foi apontado que esses desafios muitas vezes se manifestam nos estágios iniciais da vida, nos anos de infância, adolescência ou início da vida adulta. A descoberta mais intrigante é que o pico de incidência desses distúrbios se dá por volta dos 15 anos, reforçando a urgência de direcionar recursos e atenção aos serviços de saúde mental voltados para os jovens. Investir nesses recursos desde cedo não apenas alivia as implicações na fase adulta, mas também estabelece bases sólidas para um bem-estar duradouro.
E não é preciso olhar muito longe para perceber a relevância dessas descobertas em solo brasileiro. O Brasil lidera o ranking global de ansiedade, com mais de 18 milhões de indivíduos vivenciando esse transtorno. Isso representa quase 10% da população do país. Em relação à depressão — principal causa de incapacitação no mundo todo — , ocupamos o topo do ranking na América Latina.
Os gêneros nos trazem nuances interessantes: entre os homens, os distúrbios mais prevalentes incluem abuso de álcool, depressão e fobias específicas, que geram uma ansiedade intensa e intrusiva. Já entre as mulheres, a depressão, as fobias específicas e o estresse pós-traumático emergem como desafios frequentes.

Essa situação complexa tem impulsionado uma alta na busca por serviços de terapia. Em 2004, 13% dos adultos buscaram auxílio profissional para questões de saúde mental. No último ano, esse número saltou para 23%.
Frente a essa realidade desafiadora, é crucial que governos, instituições e sociedades intensifiquem seus esforços para combater o estigma relacionado aos distúrbios mentais. Além disso, é necessário ampliar o acesso aos serviços de saúde mental e investir em educação e prevenção desde os primeiros anos de vida. Somente por meio de uma comunicação aberta poderemos enfrentar os desafios complexos apresentados pela saúde mental no século XXI.
Convido você a refletir sobre a importância de combatermos o estigma associado aos distúrbios mentais e ampliarmos o acesso aos serviços de saúde mental. Será que não é hora de investirmos em educação e prevenção desde os primeiros anos de vida?
Por Caíque Vinícius — Writer na SMI