Em um mundo cada vez mais urbanizado e digital, a conexão das crianças com a natureza se tornou mais crucial do que nunca. Parques e áreas verdes nas cidades não são apenas espaços esteticamente agradáveis; eles funcionam como laboratórios a céu aberto para o desenvolvimento infantil, oferecendo uma miríade de benefícios físicos, mentais, sociais e emocionais. Incluir ativamente as crianças nesses ambientes é um investimento fundamental em seu bem-estar presente e futuro.
Os benefícios de ter as crianças nesses espaços são inúmeros. Fisicamente, o tempo ao ar livre incentiva o movimento, a corrida, o salto e a escalada, fortalecendo músculos e ossos e diminuindo o risco de obesidade infantil. Mentalmente, a natureza atua como um bálsamo, reduzindo o estresse e a ansiedade, melhorando a concentração e estimulando a criatividade.
Socialmente, esses ambientes são palcos naturais para a interação, onde as crianças aprendem a compartilhar, negociar e desenvolver empatia, além de uma consciência ambiental crucial para o futuro. O contato direto com a flora e a fauna, mesmo em um contexto urbano, desperta a curiosidade e o respeito pela vida, formando cidadãos mais conectados e responsáveis com o planeta.

Como pai de um garoto de dois anos e meio, vejo na prática a transformação que um simples passeio na natureza dentro do espaço urbano pode operar. Em um final de semana, depois de brincarmos juntos após sua habitual soneca, meu filho ainda estava particularmente agitado, com a energia transbordando. Sugeri irmos aos jardins do Museu da República, no Catete, Rio de Janeiro, um dos nossos refúgios favoritos.
A princípio, ele relutou, pois sempre precisa ser convencido para sair do ambiente doméstico e sua zona de conforto. No entanto, assim que a aventura começou, com o passeio de metrô e a chegada ao parque, em poucos minutos de caminhada entre as árvores centenárias, observando os peixes no lago e as aves, a tensão em seu rosto se desfez.
Ele começou a correr livremente pelos gramados. Brincamos de bola na grama e, para a nossa alegria, alimentamos os gansos no lago, o que gerou muitas risadas. Aquela hora ao ar livre foi suficiente para recarregar suas energias de forma positiva, acalmar sua mente e nos proporcionar um momento de conexão genuína, longe das distrações digitais.

Depois desse dia, criamos o hábito de sempre levá-lo para esses espaços naturais, descobrindo juntos um universo rico em estímulos e novas descobertas. Como no vídeo que gravamos, onde encontramos macaquinhos e patos tranquilos na Lagoa Rodrigo de Freitas, cada saída é uma nova aventura que demonstra importância desses refúgios verdes na vida das crianças.
Essa vivência consolida minha convicção de que o acesso a parques e áreas verdes não é um luxo, mas uma necessidade fundamental para o desenvolvimento saudável das crianças. Investir na criação, manutenção e segurança desses espaços é um papel essencial para as cidades e comunidades.
Ao priorizar que nossos pequenos tenham a oportunidade de se sujar na terra, de sentir o sol no rosto e de explorar a natureza – seja em um grande parque como o Bosque da Barra ou nos históricos jardins do Museu da República – estamos nutrindo não apenas corpos, mas mentes e espíritos, preparando-os para serem adultos mais equilibrados, criativos e conscientes do mundo ao seu redor.
Por Luciano Peluzi – CTO na SMI.