O turismo está vivendo uma transformação que, embora silenciosa, tem um impacto enorme no jeito como viajamos. Cada vez mais, as pessoas se preocupam com o impacto ambiental de suas escolhas durante uma viagem — seja o voo, o transporte local, ou até onde ficam hospedadas. Isso está gerando uma demanda crescente por soluções que tragam sustentabilidade, mas que também aproveitem as tecnologias mais avançadas para tornar tudo mais prático e inteligente. É aí que entra a inteligência artificial, que está revolucionando o planejamento e a experiência do turista, ajudando a reduzir desperdícios e a tornar as viagens mais conscientes.
Cidades como Copenhague e Amsterdã são exemplos vivos dessa mudança. Ambas utilizam ferramentas baseadas em IA para monitorar o fluxo de turistas em tempo real, o que ajuda a evitar a superlotação em pontos turísticos famosos e distribui melhor a visitação para áreas menos conhecidas, garantindo que o impacto ambiental e cultural seja minimizado. Amsterdã, por exemplo, desenvolveu o AI City Guide, um assistente virtual que oferece recomendações personalizadas baseadas em clima, localização e preferências do visitante, melhorando a experiência e ajudando a dispersar os turistas por toda a cidade. Já Copenhague, premiada pela União Europeia pelo uso de tecnologias digitais no turismo, investiu em apps e plataformas que oferecem tours autoguiados e monitoram o comportamento dos turistas, contribuindo para um turismo mais sustentável e menos invasivo.

Uma das grandes revoluções acessíveis a qualquer viajante é o uso de informações sobre a emissão de carbono nas plataformas de reserva. O Google Flights, por exemplo, hoje exibe a quantidade estimada de CO₂ que um voo gera, permitindo que as pessoas escolham rotas menos poluentes sem abrir mão da conveniência. Essa transparência é fruto de esforços como a coalizão Travalyst, liderada pelo Príncipe Harry, que trabalha para que grandes empresas de viagens como Skyscanner, Booking.com e Trip.com adotem métricas padronizadas de sustentabilidade, facilitando comparações reais e ajudando o consumidor a tomar decisões mais verdes.
Mas a IA não para por aí. Plataformas como a startup brasileira INDIANA estão inovando ao usar dados de dispositivos vestíveis, clima local e hábitos pessoais para criar sugestões de roteiros hiper personalizados, em tempo real. Isso significa que o turista recebe recomendações para evitar áreas superlotadas, descobrindo atrações menos conhecidas que também merecem atenção. Além disso, essa tecnologia ajuda a fortalecer o turismo local ao direcionar os visitantes para pequenos negócios e experiências autênticas, fugindo dos roteiros tradicionais e muitas vezes massificados.

Outro avanço importante está na criação da chamada identidade digital do viajante, que combina dados pessoais, histórico de vacinas, reservas e preferências em um único ambiente seguro e descentralizado. Utilizando tecnologias como blockchain e IA, essa identidade digital permite que processos como check-in em hotéis, embarques e entrada em atrações sejam mais rápidos e seguros, ao mesmo tempo que garante privacidade e controle dos dados pelo próprio usuário. Para os destinos turísticos, esses dados (sempre coletados com o consentimento do viajante) são uma fonte valiosa para entender perfis de visitantes, planejar campanhas específicas e desenvolver estratégias de preservação ambiental e cultural.
A junção dessas inovações mostra que o turismo do futuro será muito mais conectado, inteligente e sustentável. As tecnologias, principalmente a inteligência artificial, estão permitindo um equilíbrio maior entre o desejo das pessoas de conhecer o mundo e a necessidade urgente de preservar o meio ambiente e as comunidades locais. Viajar deixará de ser só um momento de lazer para se tornar também uma atitude consciente, onde cada escolha conta para um planeta mais saudável e destinos mais valorizados.
Se quisermos continuar aproveitando o turismo como motor de cultura, desenvolvimento econômico e troca humana, precisamos abraçar essas mudanças. E o melhor é que elas já estão ao nosso alcance, seja na palma da mão, através de um app que te mostra a pegada de carbono de um voo, ou na forma como as cidades pensam o turismo para que seja menos invasivo e mais inteligente. A inovação e a sustentabilidade estão caminhando juntas, e o futuro das viagens, sem dúvida, será mais responsável e cheio de tecnologia para ajudar a gente a aproveitar melhor cada momento.
Por Laysa Andrade – CCO na SMI.