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Tendências ago 30, 2024

Como as Paralimpíadas podem impulsionar o turismo acessível ao redor do mundo

Pelos próximos 10 dias, a programação esportiva da televisão (e das redes sociais) está voltada para os atletas paralímpicos. Entenda como esse evento de alcance global tem influência significativa nas ações por um turismo mais acessível e inclusivo.

Na última quarta-feira, 28 de agosto, o mundo assistiu a mais um evento de grande relevância para os esportes: a abertura das Paralimíadas de Paris 2024. As Paralimpíadas, evento esportivo de nível internacional dedicado a atletas com deficiência, têm desempenhado um papel significativo na promoção da inclusão e na conscientização sobre a acessibilidade. Para além de sua importância no esporte, esse evento traz discussões cruciais sobre turismo acessível, um tema cada vez mais relevante no cenário global.

Crédito: olympics.com.

Com o aumento da conscientização sobre as necessidades de pessoas com deficiência, muitas cidades-sede das Paralimpíadas têm investido em infraestrutura que não apenas atende aos requisitos dos atletas, mas que também beneficia turistas com deficiências físicas, sensoriais e intelectuais.

Um exemplo notável foi Tóquio, que durante os jogos de 2020 implementou melhorias substanciais na acessibilidade do transporte público e nas atrações turísticas, como o aumento de rampas e elevadores nas estações de metrô e a instalação de sinalizações em braile em locais de interesse. Esses avanços continuam a beneficiar tanto os residentes quanto os visitantes, demonstrando como eventos desse porte podem deixar legados duradouros e fazer com que pessoas com deficiência tenham acesso a outras oportunidades de mercado e visibilidade para além do esporte.

Crédito: Globo Esporte. Champs-Élysées é preparada para a abertura das Paralimpíadas. Foto: Giovana Pinheiro

No entanto, apesar dos progressos, o turismo acessível ainda enfrenta desafios significativos. Muitos destinos ao redor do mundo não estão preparados para receber turistas com deficiência, seja por falta de infraestrutura adequada ou por falta de treinamento de quem recebe essas pessoas. Embora haja um interesse crescente em tornar o turismo mais inclusivo, a implementação de medidas efetivas ainda é lenta e desigual.

O impacto dos jogos televisionados

A relação entre as Paralimpíadas e o turismo acessível vai além da infraestrutura física. As histórias inspiradoras dos atletas têm o poder de mudar percepções e incentivar uma maior compreensão das necessidades de pessoas com deficiência. Esse impacto cultural, aliado aos investimentos em acessibilidade, tem o potencial de transformar destinos turísticos em lugares verdadeiramente inclusivos, onde todos os visitantes, independentemente de suas capacidades, possam desfrutar de experiências completas de forma ética e respeitosa.

Para que essa transformação ocorra em maior escala, é crucial que governos, setor privado e sociedade civil trabalhem juntos na promoção de um turismo mais acessível. As Paralimpíadas, com sua visibilidade global, oferecem uma plataforma única para fomentar essa colaboração e acelerar o progresso. Para isso, o legado das Paralimpíadas deve ir além dos jogos, medalhas e recordes, e atuar na construção efetiva de uma indústria turística que atenda às demandas desses viajantes.

Modelos de turismo acessível no Brasil

Programa Praia Acessível

Lançado em 2010 pelo Governo do Estado de São Paulo, o programa funciona em parceria com as prefeituras dos municípios em 26 praias do litoral e interior do Estado de São Paulo. O objetivo é oferecer equipamentos e tecnologia para que pessoas com deficiência possam usufruir da praia, do banho de mar e de rios com segurança e dignidade.

Crédito: Programa Praia Acessível, em Santos (SP). Acesse e conheça.

O programa oferece infraestrutura adaptada, como cadeiras anfíbias (cadeiras de rodas especiais para a areia e mar), rampas de acesso e apoio de profissionais treinados, permitindo que mais pessoas possam desfrutar das praias. O Programa Praia Acessível da cidade de Santos, no litoral de São Paulo, é um exemplo que funciona. Para conhecer mais, acesse e siga a página no Instagram: www.instagram.com/praiaacessivelsantos

O Programa Praia para Todos funciona de forma parecida no Rio de Janeiro. Outros locais que possuem programas de acessibilidades em praias são: Camboriú (SC), Fortaleza (CE) e Fernando de Noronha (PE).

Crédito: Foto divulgação. Ministério do Turismo

O exemplo de Socorro (SP.)

A cidade de Socorro, localizada no interior do estado de São Paulo, a 135 quilômetros da capital, é um exemplo notável de turismo acessível no Brasil. Reconhecida nacionalmente por suas iniciativas, a cidade tem investido há anos na adaptação de sua infraestrutura para acolher turistas com diferentes tipos de deficiência. Veja algumas das principais iniciativas de acessibilidade em Socorro:

  1. Programa Socorro Acessível: lançado pela prefeitura da cidade em parceria com o Sebrae e a Associação Comercial, o programa visa transformar Socorro em um destino turístico totalmente acessível. O projeto inclui a adaptação de calçadas, instalação de pisos táteis, e a criação de rampas de acesso em diversos pontos da cidade.
  2. Acessibilidade em Atividades de Aventura: Socorro é famosa por seu ecoturismo e atividades de aventura, como rafting, tirolesa e trilhas. A cidade se destacou ao adaptar essas atividades para pessoas com deficiência, oferecendo equipamentos específicos e treinamento para monitores e guias. Por exemplo, no complexo de hotéis Parque dos Sonhos, existem tirolesas adaptadas que permitem que pessoas com mobilidade reduzida possam participar com segurança.
  3. Hotéis e Pousadas Adaptados: muitos dos estabelecimentos de hospedagem foram adaptados para receber pessoas com deficiência. Isso inclui quartos com portas mais largas, banheiros adaptados e áreas comuns acessíveis. Além disso, a cidade oferece um site específico que permite aos turistas verificarem a acessibilidade das acomodações antes de fazerem suas reservas.
  4. Sinalização e Transporte: investimentos em sinalização acessível, incluindo placas em braile e informações auditivas em alguns pontos turísticos. O transporte público e privado também foi adaptado, com a inclusão de veículos para cadeirantes.
  5. Inclusão e Conscientização: além das adaptações físicas, Socorro também realiza ações de conscientização sobre a importância da inclusão, tanto para os moradores quanto para os visitantes. Eventos e seminários são organizados regularmente para discutir e promover a acessibilidade no turismo.
  6. Capacitação profissional: os profissionais de turismo da região são constantemente treinados e capacitados para receber pessoas com deficiência de forma inclusiva, além de terem treinamentos sobre atividades, equipamentos e formas de atuação durante passeios e esportes radicais para que as atividades sejam realizadas de forma segura e ética.
Crédito: Blog Tá Indo Pra Onde. Foto: Assessoria de imprensa.

A relação das Paralimpíadas e o turismo acessível é uma via de mão dupla. Enquanto o evento impulsiona melhorias nos esportes e na mentalidade coletiva de forma geral, o turismo precisa fazer o seu papel na promoção da acessibilidade e na inclusão de pessoas com deficiência em atividades e destinos. Só assim, será possível oferecer a oportunidade de celebrar a diversidade humana em suas variadas formas e estaremos um passo mais perto de um mundo onde todos possam experienciar o melhor que cada destino tem a oferecer.

Por Júlia Guerra — Coordenadora de Marketing na SMI.

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