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Design Hotels fev 29, 2024

Como foi me hospedar em um mosteiro medieval no interior da Itália

Tive a experiência de me hospedar em um mosteiro do século XIII no interior da Itália, membro da Design Hotels. Começo dizendo que não é uma experiência para todos os perfis de viajantes.

Em janeiro fui de férias para a Itália e decidi passar uma noite no Eremito, o hotel-retiro membro da Design Hotels que fica em Parrano, na Úmbria, no meio do caminho entre Florença e Roma. E a aventura já começa no caminho. Com o transfer saindo da estação de trem Fabro-Ficulle, adentramos a uma floresta de estrada de terra, uma diferença radical das ruas movimentadas das cidades turísticas italianas. No meio do caminho há um vale, uma vista linda da floresta e supreendentemente com carregadores para plugar carro elétrico se necessário.

Mais um pouco de estrada de terra e chegamos no portão do Eremito, muros de pedra, uma sensação de encontrar um tesouro escondido no meio da natureza. Preciso dizer que fiz jus à fama do brasileiro e estava carregado de malas (afinal foram 20 dias pela Europa), é nesse momento que a gente se sente um peixe fora d’agua, pois em um mosteiro que nem sinal de celular tem, você não usará 80% do que carrega em 23kg de bagagem despachada.

Fui recebido pelo Marcelo, empresário hoteleiro e idealizador do Eremito, que encontrou as ruínas do mosteiro em uma busca pela floresta e reergueu no intuito de transforma-lo em uma acomodação especial. Uma acomodação para receber não apenas viajantes, mas hóspedes do mundo todo em sua casa.

Assim como o Marcelo, o staff do Eremito mora lá e participa das atividades como as meditações e discussão filosóficas duas vezes ao dia. É como se entrássemos para uma comunidade isolada do mundo contemporâneo e do cativeiro da tecnologia. Calma, eles que moram e trabalham lá têm acesso à internet, quem não têm somos nós, os hóspedes, afinal faz parte da experiência.

Focado em viajantes solos, a proposta é realmente se desconectar do mundo e se conectar consigo mesmo. A troca entre os hóspedes é incentivada nas áreas comuns, nas salas repletas de almofadas e luzes baixas, na caminhada diurna, na conversa em volta da fogueira. No entanto, o silêncio é extremante valorizado em muitos lugares e momentos. Nos corredores dos quartos o silêncio é obrigatório, nem preciso dizer que durante a meditação também, mas o grande destaque fica por conta das refeições silenciosas. Ninguém fala dentro do refeitório.

A hora de comer é uma experiência única. Sentamos em mesas coletivas na sala de jantar e todos devem ficar em silêncio. Só escutamos o som das texturas da comida, das louças rústicas, e nos concentramos no sabor da comida orgânica produzida ali. O menu é fechado, vegetariano, farto e delicioso.

Se hospedar no Eremito é um convite ao relaxamento. O spa fica na área interna, de modo que a jacuzzi e a sauna estejam irresistivelmente convidativas também durante o inverno. A luz baixa está por todas as áreas, no spa a iluminação fica por conta de velas nas paredes de pedra e pelo led colorido debaixo d’agua, em uma experiência de cromoterapia. Também aproveitei a hospedagem para relaxar lendo um livro. Foi impressionante que em um dia consegui ler metade de um livro que só estava carregando na minha mala sem nem o ter aberto nos primeiros 10 dias de viagem. Uma satisfação de aproveitamento do tempo, da vida, um detox de redes sociais, de notificações de emails e de portais de notícia.

Dormir no Eremito é sinônimo de paz. Um quarto simples, apenas com o essencial, mas muito confortável. Confesso que fiz o checkout desejando voltar mais vezes, ficar mais vezes sem tecnologia, vivendo na simplicidade eficiente, comendo em silêncio, meditando com vista para a floresta e lendo livro sem as distrações modernas e barulhos urbanos. No começo rola um estranhamento, afinal é diferente de tudo que experimentamos em hotelaria, e como mencionei no início, não é para todo tipo de viajante.

O luxo aqui não está em um concierge na porta, em uma banheira no quarto, em um cardápio de travesseiros, … é o luxo de se desconectar do mundo e se conectar consigo mesmo.

Obs: as fotos são do site da Design Hotels, afinal eu realmente me desconectei de smatphone.

Por Igor Romeu — CMO na SMI

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