
Com o verão chegando ao hemisfério sul, a temporada de viagens está a todo vapor e isso também tem trazido à tona um comportamento inadequado por parte dos turistas, que tem se tornado cada vez mais comum. Destinos populares têm testemunhado um aumento alarmante de incidentes envolvendo turistas nos últimos anos, e uma pergunta que muitos se fazem é: o que está por trás dessas atitudes detestáveis?
Nesse papo, exploramos como o Instagram e outras redes sociais podem estar contribuindo para a transformação dos turistas em visitantes problemáticos, o que vem rolando é uma espécie de “viralização da bagunça”, que afeta o clima nas comunidades locais e nos lugares turísticos.
Uma das razões pra essa confusão toda é o que chamam de “prova social”. Isso acontece quando as pessoas se baseiam no que os outros estão fazendo e resolvem seguir o fluxo. Quer dizer, se você vê os amigos e os influenciadores fazendo algo, você pensa que é liberado, né? Só que isso pode levar a loucuras nas férias, como desrespeitar locais sagrados e dar trabalho para os moradores locais.
Outro ponto que complica é o “efeito da vítima identificável”. Quando os turistas se isolam em hotéis e resorts longe das comunidades locais, junto com a euforia das férias, eles acham que podem fazer o que quiserem, como um passe livre, subestimando o impacto negativo das suas ações. Aí a conta cai para os locais e para economia da região, e o estrago tá feito.

O ciclo vicioso do Instagram:
O Instagram desempenha um papel significativo na criação de um ciclo vicioso de viagens egoicas. Turistas vêem as imagens postadas por amigos e influenciadores de um lugar específico, e isso os instiga a visitar esses mesmos lugares e tirar as mesmas fotos. Eventualmente, eles compartilham suas próprias fotos nessa mesma rede social.
A caçada por visitar os lugares do seu amigo ou influenciador favorito e a obsessão por compartilhar suas próprias fotos viraram um jogo de status social. A questão é que, por causa disso, muita gente acaba gastando mais tempo e energia criando conteúdo online do que realmente explorando e respeitando as comunidades locais. Afinal, quem precisa de mais uma foto igual a tantas outras quando poderia estar vivendo experiências únicas, né?
A resposta dos locais turísticos:
Bali, é daqueles destinos de sonho, todo mundo sabe disso. A ilha, cheia de retiros de ioga e paisagens de tirar o fôlego, é o paraíso dos influenciadores digitais, não é? Mas tem um porém…
Em junho de 2023, Bali atingiu seu limite com o mau comportamento dos turistas e resolveu agir. Eles lançaram novas regras, se assemelhando à um guia de sobrevivência para visitantes. O foco principal? Cuidar dos lugares sagrados e manter a boa convivência com a galera local.
Agora, se você quiser alugar uma moto, tem que pedir uma licença, e esqueça de subir vulcões e montanhas sagradas, isso não vai mais rolar. Esqueça também o Airbnb, estrangeiros agora só podem se hospedar em hotéis ou vilas registradas. Eles até criaram uma “força-tarefa turística” para dar um jeito na bagunça, com autoridade para conduzir incursões e investigações aos estrangeiros, se precisar.
Eles deixaram bem claro que é proibido causar na cidade, seja com linguagem rude ou atitudes desrespeitosas, tanto em Bali quanto nas redes sociais. A coisa ficou séria!

Outros destinos ao redor do mundo também estão adotando medidas semelhantes. Países como Islândia, Havaí, Palau, Nova Zelândia e Costa Rica estão implementando termos de compromisso para garantir que os visitantes respeitem as leis e tradições locais. Campanhas como “No Drama” na Suíça, “See Vienna — not #Vienna” na Áustria e “Be more like a Finn” na Finlândia buscam atrair turistas mais conscientes e respeitosos.
Quando todas essas tentativas não conseguem conter o mau comportamento dos turistas, alguns lugares extremos, como a Baía de Maya, na Tailândia, tomam medidas drásticas e fecham completamente suas portas ao turismo.
Dicas para passar adiante:
É bom lembrar que, ao viajar, somos convidados nas comunidades que visitamos. Aqui estão algumas dicas amigas para compartilharmos, garantindo que possamos voltar com boas lembranças e deixar um impacto positivo
1. Faça a lição de casa:
Mesmo sendo viajantes experientes, é essencial reconhecer o impacto que nossas ações podem ter nas comunidades locais. Um pouco de pesquisa, seja por conta própria ou com base nas informações fornecidas pelas autoridades locais, pode ser suficiente para garantir que nos comportemos de maneira apropriada. Antes de viajar, investigue as regras e as considerações de segurança no destino.
Lembre-se de que nossa opinião pessoal sobre os costumes locais não é o que importa. Se o lugar que estamos visitando tem normas mais conservadoras do que estamos acostumados, é fundamental nos informarmos, respeitando e compreendendo essas tradições.— Melhor evitar sermos penalizados por comportamento inadequado, né?
2. Desconecte-se um pouco:
Estudos mostram que as pessoas se distanciam de seus arredores quando estão excessivamente concentradas em seus celulares. Normalmente, as experiências mais memoráveis durante uma viagem ocorrem quando estabelecemos conexões especiais com pessoas locais ou aprendemos algo novo. Tornar essas experiências possíveis fica mais difícil quando estamos constantemente com os olhos no telefone.
3. Use a influência para o bem:
Em posts intitulados “Instagram vs. Realidade,” as pessoas estão começando a revelar as realidades por trás das fotos perfeitas, mostrando grandes multidões e filas nos lugares mais populares para tirar fotos no Instagram. Expor as condições menos glamorosas por trás das imagens icônicas pode levar a audiência online a repensar suas próprias motivações para viajar. Isso pode incentivar uma abordagem mais autêntica e consciente em relação às viagens, em contraste com a busca desenfreada pela selfie perfeita.
Optemos por destacar pequenos empreendimentos locais, certificando-nos de que nossas ações estejam alinhadas com a cultura do lugar que estamos visitando durante as férias.
Com essas dicas, espero contribuir para informar e transformar viajantes em indivíduos mais conscientes e responsáveis! Vamos juntos?”
Por Caíque Vinícius — Writer na SMI